25.3.14

Prólogo: Das Crenças - Os Sete (cont.)


Velamir




O Mar Interior formado pelo sangue dos deuses mostrou-se essencial não apenas para a formação da vida mortal, mas também para a sua manutenção. Por isso, mesmo antes do fim da Guerra dos Deuses, a vida vicejava e fervilhava, de modo que apenas o litoral do Mar Interior não era suficiente para abriga-la. Era preciso levar a água para os (então) ermos do mundo para que a vida pudesse se espalhar junto dela. Percebendo isso, Velamir assumiu o comando das águas, traçou centenas de novos rios – que, no fim, correm para o centro de seu reino no Mar Interior – represou lagos, encheu poços e deu origem à chuva e ao vento para garantir que a água e, por consequência, a vida, jamais ficasse concentrada novamente e que todo o corpo de Sathia fosse fertilizado.

Ainda que cada rio e lago tenha seu protetor – um deus menor – todos eles são fiéis a Velamir, da mesma forma que duques e condes são fieis a um monarca; que de seu trono no Mar Interior, tem a palavra final sobre o curso dos rios e o clima. Camponeses rezam para o Monarca das águas para o fim da estiagem e para a proteção contra trovões e tempestades ao passo que seus sacerdotes abençoam barcos e lavouras de modo a atrair sua simpatia divina.


A “conquista” do outrora indomável Mar Interior na antiga era foi essencial para a expansão do Império do Dragão. Tal “conquista” é vista das mais diversas formas pelas mais diversas ordens com as mais diversas interpretações da doutrina. Em algumas, o antigo Imperador Mago (atual Lich Rei) teria reconhecido a autoridade superior de Velamir e lhe jurado fidelidade – juramento esse que teria se estendido até o atual Imperador. Em outras, o Imperador Mago (já em um prenúncio de sua loucura) teria se utilizado de um antigo e horrendo ritual para “acorrentar” Velamir; o Imperador, não podendo ou não querendo dissipar o feitiço, acabou por manter o deus cativo em seu trono no fundo do mar.

Representação: Existem diversas representações da imagem de Velamir. Quando representando em forma humana, o deus sempre é mostrado em uma forma masculina, de pele clara e cabelos longos; em algumas representações, o deus porta trajes finos, em outras possui o peito desnudo; às vezes é representado como um jovem de rosto liso, em outras como um homem de meia idade com uma vasta barba. Algumas ordens mais radicais - que acreditam que o deus foi aprisionado pela “civilização”, e adoram um mar mais selvagem , representam Velamir como um enorme monstro.


Símbolos Sagrados e Trajes: Os símbolos mais comuns do rei do Mar Interior são a coroa de conchas ou de metal (formando um tridente). O tridente e o relâmpago também são usados para reforçar o aspecto indomável do deus. Por fim, linhas onduladas, representando o mar também são utilizadas. Como vestimentas, seus sacerdotes preferem roupas azuis ou verdes e/ou acessórios que façam referência ao mar (conchas, perólas, etc).

Ritos: É comum em todas as ordens que os clérigos façam uma breve oração antes de entrar em um corpo d’água ou de sair na chuva. Velamir comanda seus seguidores a:

  • Respeitar o mar e todos os corpos d’água, seus lordes e os animais que neles vivem.
  • Sempre apoiar aqueles que tiram seu sustento do mar (pescadores, artesãos) de forma sábia
  • Fazer a oferenda dos caminhos da água na maré escolhida por sua ordem (com a permissão do “lorde” em questão).
Datas comemorativas: As datas comemorativas do culto de Velamir variam de acordo com a região ou ordem da qual o clérigo provém. Ordens mais litorâneas tendem a comemorar de acordo com as marés (na alta ou na baixa), enquanto ordens mais interioranas tendem a se forcar mais no aspecto climático, dedicando especial atenção, oração, oferenda e devoção durante o período de chuvas. 

Títulos: O Monarca das Águas, o Senhor das ondas, Rei do Trovão, Mestre do Tempo ou simplesmente “o Mar”.

Domínios: Vida, Vento, Relâmpago, Água, Gelo, Força

Destino

Quando a era dos vermes começou e o Verme que Caminha, a Rainha de Rapina e seus filhos se espalharam pelo mundo predando a tudo e a todos (os deuses, no caso), os deuses foram tomados pela perplexidade. O tempo era uma coisa nova. A morte era uma coisa nova e, por consequência, todas as coisas mundanas que surgiam dela eram novas. Até mesmo, a perplexidade e o medo eram coisas novas e nenhum deles sabia como reagir diante daquilo.

Dois dos irmãos resolveram peregrinar até os confins do universo, até seu local de origem, para descobrir o que fazer. Apenas um deles retornou.

Não se sabe se a morte daquele que não retornou resultou na criação de algo novo. Na verdade, não é sabido, nem ao menos, se aquele que não retornou morreu. Tudo que sabemos diz respeito apenas àquele que voltou após perscrutar os limites do universo. Aquele que voltou sem a visão e com o conhecimento. Aquele a quem chamamos Destino.

Ao retornar de sua peregrinação, Destino pegou seu livro pela primeira vez. Em uma das páginas escreveu o que aconteceria se Ngirrth’lu e a jovem continuassem com sua expansão. Na outra, escreveu sobre o sacrífico dos deuses e a guerra. Após concluir seus escritos, Destino convocou seus irmãos restantes e falou-lhes da peregrinação, dos limites do mundo, do conhecimento e apresentou-lhes seus escritos. Todos sabem quais das páginas, eles escolheram.

Destino é louvado pelos mais diferentes tipos de pessoas. De ladinos, jogadores e bardos (que o louvam pelo seu aspecto da sorte), até copistas e arquivistas (que os louvam pelo aspecto da sabedoria), passando por videntes, donzelas esperançosas, cavalheiros...

Representação: Destino é sempre representado como um homem portando um manto com capuz. Assim como não conhecemos o futuro, também não conhecemos seu rosto. Em suas mãos, um pesado livro acorrentado a seu pulso. Algumas vezes, Destino é representado com duas (ou mais figuras) idênticas em um caminho bifurcado (ou labiríntico). Em outras, é representado em seu jardim-labirinto na lua.

Símbolos Sagrados e Trajes: Conforme dito acima, Destino atrai os mais diversos tipos de seguidores. Aqueles que lhes prestam tributos em busca de sorte, não usam trajes específicos, embora carreguem sempre um pequeno talismã. Aqueles que o louvam pelo conhecimento, por sua vez, tendem a usar um manto como o do deus (por cima da armadura) e a portar um pequeno livro, pedaço de corrente ou pingente em forma de bifurcação como símbolo sagrado


Ritos: Destino comanda seus seguidores a:

  • Buscar o conhecimento e a sabedoria
  • Respeitar profecias e os dizeres do destino
  • Jamais se resignar, até que acredite ter encontrado seu real destino.

Datas Comemorativas: Não existem datas especiais para os seguidores do Destino, contudo, ordens ligadas à sorte costumam se reunir em datas “cabalísticas” (na 13ª lua cheia da 13ª era) enquanto as ordens mais ligadas ao conhecimento celebram datas “redondas” (100º ano do Império do Dragão) ou acontecimentos recentes (a queda do Imperador Mago), que simbolizariam uma “virada de página” no livro do Destino.

Títulos: Sina, O Homem da Lua, Lunático

Domínios: Sorte, Destino, Conhecimento, Correntes, Vazio


Shamash

Quando se olha para o céu durante a noite, muitos deuses podem ser vistos: o jardim-labirinto de Destino na superfície da Lua, a estrela vermelha Desejo, as asas negras da Rainha de Rapina pontilhada pelo brilho das almas dos heróis de todas as 13 eras. Durante o dia, contudo, vê-se apenas um deus: Shamash.

Shamash, deus do sol e do verão, é representado como um deus bondoso e justo, mas de personalidade forte. Da mesma forma que sua luz e calor permitem o crescimento da vida, sua fúria castiga as regiões mais quentes com altas temperaturas e períodos de estiagem.
Embora seja identificado principalmente como o Sol, nenhum outro deus possui um portfólio tão vasto e diverso quanto Shamash. O deus está associado à agricultura e à criação de animais (juntamente com Velamir); é considerado como aquele que fornece a luz da razão e é adorado por alquimistas, homens das letras, preceptores e amantes das artes em geral; é adorado pelos anões como a fonte do ouro e o fogo da forja (juntamente com Desejo); os elfos o adoram como o deus do verão e aquele que salva a floresta do inverno; pai da matemática e da geometria está associado à simetria e a perfeição da forma sendo adorado por arquitetos e escultores; também está relacionado à perfeição da forma humana, sendo o responsável pela saúde, beleza e força masculina e recebendo oferendas de enfermos, jovens inseguros no início da puberdade e soldados. Por fim, novamente em conjunto com Destino, também está associado à magia. Aliás, a relação de Shamash com seu irmão/irmã (Destino é homem/mulher e nenhum dos dois ao mesmo tempo) é uma das mais discutidas na teologia dos Sete. Para muitos, os dois lutam eternamente dentro de cada homem disputando a hegemonia de seu coração, para outros, os dois são como parceiros de dança bem ensaiados que se revezam ora conduzindo os homens à razão, ora ao desejo; existem aqueles que acreditam que Shamash e Destino são amantes tomados por uma tórrida e conturbada paixão no coração de cada humanoide: não conseguem viver juntos e não suportam ficar separados – o que seria a causa das dúvidas e angústias emocionais e existenciais de elfos, anões, humanos e outros humanoides

Representação: Shamash é sempre representado como um homem de pele escura, com o forte dorso nu adornado por diversas tatuagens de raio de sol. Muitas vezes, o deus de olhos luminosos está portando a lança flamejante que usa pra atravessar o manto da noite e iluminar o mundo.

Símbolos Sagrados e Trajes: Não existe a exigência de qualquer tipo específico de vestimenta em nenhuma das denominações da religião de Shamash. Contudo, em geral, há uma preferência por roupas leves e claras para que a pele seja banhada pela luz divina do Sol. O símbolo sagrado do deus é um pequeno sol que pode ser usado como amuleto ou como um broche nos trajes. Tatuagens, à semelhança daquelas presentes na representação da divindade, são comuns em seus sacerdotes e seguidores mais ferrenhos.


Ritos: Os seguidores de Shamash realizam uma pequena prece ao acordar e ver o sol. Já os sacerdotes do deus, devem observar o nascer do Sol e realizar um pequeno ritual para saudá-lo. O ritual varia de denominação para denominação, mas, em geral, não consome mais do que alguns minutos e não utiliza de materiais de custo considerável. Um ritual um pouco mais complexo (10 minutos) deve ser realizado no primeiro nascer do sol da primavera. Caso o sacerdote não possa comparecer a um templo ou congregação no solstício de verão, deve realizar uma versão solitária da celebração ao amanhecer desse dia (1 hora).

Shamash comanda seus seguidores a:

  • Buscar o equilíbrio e a moderação tanto no aspecto físico quanto no emocional
  • Proteger a arte e a beleza, sem elas o mundo será tomado pela a escuridão
  • Levar a luz da razão, da beleza e da civilização aos recônditos sombrios do mundo

Datas Comemorativas: Existem duas datas comemorativas importantes para todas as denominações Shamashianas. A primeira delas é o primeiro dia da primavera. Durante o nascer do sol desse dia o sacerdote deve ir até um templo do deus para tomar parte de um pequeno ritual – com cerca de 30 minutos de duração - ou, caso não seja possível visitar um templo ou altar do deus, realizar um pequeno ritual solitário com duração aproximada de 10 minutos. A outra data importante é o solstício de verão. Essa é a data mais importante do culto a Shamash e diversos sacerdotes se reúnem em templos por todo o Império para uma bela celebração e ritual – o ritual dura cerca de 1 hora (começa ao amanhecer) – mas, as festividades, não obrigatórias, podem durar mais. Caso o sacerdote não possa comparecer a um desses encontros, deve realizar um ritual solitário que também possui 1 hora de duração.

Títulos: A Luz da Razão, o Radiante, o Pai Sol, o Belo

Domínios: Cura, Sol, Fogo, Força, Conhecimento, Vida, Arcano

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