16.3.14

A Era dos Vermes


Prológo: Da Origem do Mundo

I.

Muitos acreditam que o mundo começou com a primeira era. Porém, houve um tempo anterior: a Aurora dos Tempos. Nessa época, não havia nem dia, nem noite, nem nascimento, nem morte e muito menos eras. Os deuses eram tudo o que havia e tudo que havia eram os deuses. Centenas deles caminhando pela terra como eu e você (bem, não exatamente como eu e você...).

Em algum momento imprecisável, uma deusa apaixonada tomou Ngirrth’lu, o Verme que Caminha, como esposo. Encantada com a união, a então ingênua deusa foi convencida por seu consorte a ter filhos. Porém, como os deuses eram tudo o que havia e tudo que havia eram os deuses, nada poderia nascer. Foi então que a jovem teve uma ideia e atraiu seu irmão Chearoco para uma armadilha. O brilho do ódio no olhar de Chearoco iluminou os céus até que em veneno e lâmina morresse pelas mãos da deusa que, naquele momento, perdia para sempre seu nome para se tornar a Rainha da Rapina. Do corpo gigante de Chearoco, a Rainha da Rapina e Ngirrth’lu criaram muitos filhos. Agora, havia dia, noite, vida e morte. Começava então a primeira era: a Era dos Vermes.

II.

Muitos outros deuses caíram vítima da perversidade e ferocidade da deusa, de seu consorte e de seus filhos. Cada deus a tombar, gerava milhares de vermes a rastejar e a devorar.
Anos depois, agora que os anos podiam ser precisados, os deuses restantes formaram uma controversa aliança. Contudo, uma aliança não era suficiente diante dos números do inimigo: era preciso formar um exército. Sem alternativa, diversos deuses se sacrificaram até que sobrassem apenas sete. Ao empoçar, o sangue de tais sacrifícios formou o mar central e dele nasceram Dragões, Elfos, Anões, Humanos, Anjos e muitas outras criaturas para formar um gigantesco exército que seria liderado pelos sete grandes deuses restantes. Enquanto o sangue empoçava e o exército se formava, os sete grandes forjaram uma poderosa arma.

III.

Após séculos de morte e destruição, a deusa observou o horror que havia causado. Arrependida, traiu seu consorte. Essa traição permitiu que, durante a batalha final, Verenestra ferisse Ngirrth’lu mortalmente com a arma divina, que foi reduzida às sete partes originais.

O amor de Ngirrth’lu era tão poderoso que, ao transformar-se em ódio, impediu sua morte e fez dele o primeiro dos mortos-vivos. Mesmo em sua não-vida, o Verme que Caminha matou Icosiol, cujo sangue amaldiçoado por Ngirrth'lu escorreu até o centro da terra dando origem às criaturas do abismo.

IV.

Diante do impasse, a deusa arrependida aprisionou o deus morto-vivo e seus filhos na torre que lhes servira de lar. Os outros seis grandes deuses aproveitaram o ensejo para lacrar a torre com um poderoso ritual. Os poucos remanescentes foram repartidos e reduzidos até que atingissem um tamanho e um número inofensivo e, em um ato de misericórdia divina, foi permitido que continuassem a se alimentar dos mortos.

Como punição, além de perder seu nome verdadeiro para todo sempre, a Rainha da Rapina foi condenada a cuidar do inverno do ciclo da vida até que o crespúsculo chegue até os deuses e ela, como o último ser da existência, possa finalmente descansar.

V.

Além dessa e de outras lendas, muito pouco se sabe ou foi mencionado sobre a Era dos Vermes. Até agora.

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