Prológo: Da Origem do Mundo
I.
Muitos acreditam que o mundo
começou com a primeira era. Porém, houve um tempo anterior: a Aurora dos
Tempos. Nessa época, não havia nem dia, nem noite, nem nascimento, nem morte e
muito menos eras. Os deuses eram tudo o que havia e tudo que havia eram os
deuses. Centenas deles caminhando pela terra como eu e você (bem, não
exatamente como eu e você...).
Em algum momento imprecisável, uma
deusa apaixonada tomou Ngirrth’lu, o Verme que Caminha, como esposo. Encantada
com a união, a então ingênua deusa foi convencida por seu consorte a ter
filhos. Porém, como os deuses eram tudo o que havia e tudo que havia eram os
deuses, nada poderia nascer. Foi então que a jovem teve uma ideia e atraiu seu
irmão Chearoco para uma armadilha. O brilho do ódio no olhar de Chearoco
iluminou os céus até que em veneno e lâmina morresse pelas mãos da deusa que,
naquele momento, perdia para sempre seu nome para se tornar a Rainha da Rapina.
Do corpo gigante de Chearoco, a Rainha da Rapina e Ngirrth’lu criaram muitos
filhos. Agora, havia dia, noite, vida e morte. Começava então a primeira era: a
Era dos Vermes.
II.
Muitos outros deuses caíram
vítima da perversidade e ferocidade da deusa, de seu consorte e de seus filhos.
Cada deus a tombar, gerava milhares de vermes a rastejar e a devorar.
Anos depois, agora que os anos
podiam ser precisados, os deuses restantes formaram uma controversa aliança.
Contudo, uma aliança não era suficiente diante dos números do inimigo: era
preciso formar um exército. Sem alternativa, diversos deuses se sacrificaram
até que sobrassem apenas sete. Ao empoçar, o sangue de tais sacrifícios formou
o mar central e dele nasceram Dragões, Elfos, Anões, Humanos, Anjos e muitas
outras criaturas para formar um gigantesco exército que seria liderado pelos
sete grandes deuses restantes. Enquanto o sangue empoçava e o exército se
formava, os sete grandes forjaram uma poderosa arma.
III.
Após séculos de morte e
destruição, a deusa observou o horror que havia causado. Arrependida, traiu seu
consorte. Essa traição permitiu que, durante a batalha final, Verenestra
ferisse Ngirrth’lu mortalmente com a arma divina, que foi reduzida às sete
partes originais.
O amor de Ngirrth’lu era tão
poderoso que, ao transformar-se em ódio, impediu sua morte e fez dele o
primeiro dos mortos-vivos. Mesmo em sua não-vida, o Verme que Caminha matou
Icosiol, cujo sangue amaldiçoado por Ngirrth'lu escorreu até o centro da terra dando origem às criaturas
do abismo.
IV.
Diante do impasse, a deusa
arrependida aprisionou o deus morto-vivo e seus filhos na torre que lhes
servira de lar. Os outros seis grandes deuses aproveitaram o ensejo para lacrar
a torre com um poderoso ritual. Os poucos remanescentes foram repartidos e
reduzidos até que atingissem um tamanho e um número inofensivo e, em um ato de
misericórdia divina, foi permitido que continuassem a se alimentar dos mortos.
Como punição, além de perder seu
nome verdadeiro para todo sempre, a Rainha da Rapina foi condenada a cuidar do
inverno do ciclo da vida até que o crespúsculo chegue até os deuses e ela, como o
último ser da existência, possa finalmente descansar.
V.
Além dessa e de outras lendas,
muito pouco se sabe ou foi mencionado sobre a Era dos Vermes. Até agora.
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